Sunday, December 04, 2005

“...e os dois serão uma só carne. De modo que não são mais dois, mas uma só carne...”

Um episódio "estranho" ocorreu neste sábado enquanto dois amigos meus se casavam numa belíssima igreja nos arredores de Lisboa. Não foi o facto de se casarem e muito menos o facto de o fazerem numa igreja.
Como é meu costume quando começa a cerimónia religiosa venho para o exterior da igreja conversar com amigos que já não vejo há algum tempo, os casamentos e os funerais são excelentes ocasiões para se encontrarem pessoas que não se vêem durante anos, e ia-me esquecendo de outro acontecimento, as festas de aniversário.
Pela primeira vez fui confrontada com uma questão que me deixou a reflectir, o "aspirante" a padre veio ter com o grupo que confraternizava cá fora e perguntou: "vieram para o copo de água ou para a testemunhar este passo?"Não está em causa a atitude do senhor porque existem pessoas com demasiado zelo, nem a resposta que foi dada porque existem pessoas com um sentido de oportunidade apurado.
Mas a questão, se se vai a um casamento para a festa ou para o acto, coloca outras questões? Porque é que as pessoas se casam? E gostava que os meus amigos me ajudassem nesta reflexão.
As pessoas casam-se porque querem envelhecer acompanhadas.
As pessoas casam-se porque querem ter filhos e viver de acordo com uma "consciência" religiosa ou para respeitar a vontade dos pais.
As pessoas casam-se porque acreditam em Deus e na sua protecção no casamento.
As pessoas casam-se porque querem ter uma independência e sozinhas não conseguem.
As pessoas casam-se porque os pais combinaram que sim. As pessoas casam-se para saldar divídas. As pessoas também se podem casar porque querem ganhar dinheiro com o casamento. As pessoas também se podem casar porque querem adquirir um título ou porque querem juntar fortunas pessoais e aumentar o património.
Coloquei todas as hipóteses que me vieram à cabeça até este momento. Eu sei que os hábitos do casamento tem vindo a alterar-se principalmente na Europa, e não falo somente de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas também por se unirem sem casarem ou por não se casarem ou casarem mais velhos. Contudo as pessoas continuam a casar-se, será porque acreditam que o casamento lhes impõem uma maior responsabilidade, ou porque acham que o amor deve ser celebrado num determinado momento (a festa de casamento) e deve por isso ser partilhado. Porque é que sempre que alguém se casa se espera uma festa, acredito que nesse acto a visibilidade seja total, mas será que ainda se deve seguir o percurso que a sociedade (embora laica) impõe desde cedo, às crianças e mais tarde aos adultos.
Eu tento sempre buscar o lado engraçado das coisas, mas parece que temos sempre etapas a cumprir, Escola, Trabalho, Casa, Namorada(o), Casamento/União, Filhos. Sinto que a imposição "invisível" por mais forte que cada um seja tem um certo peso, quando se é confrontado vez após vez com a mesma questão: "Então e tu?" "Então quando é a tua vez?", " Olha a idade a passar"...que passe e que passe bem por nós. A minha vez pode ser diferente e ninguém deveria comentar. Talvez por estas razões as pessoas se continuem a casar e a divorciar-se ou a serem infelizes. Está na hora de colocar a questão ao contrário - "Porque é que eu hei-de fazer isso?"
E os meus amigos o que acham? Vocês casariam?E se casassem seria para que, para dar uma festa ou para celebrarem um acto? E casariam porquê?

14 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Para mim o casamento é "Uma relação emocional, sexual e económica ente duas pessoas, socialmente aceite e reconhecida legalmente, e com a intenção de ser a longo prazo."

Porque é que as pessoas casam?

Como em tudo na vida, casam pelas razões certas e pelas razões erradas. As razões certas passam pelo facto de que quando as pessoas casam estão, teoricamente, criadas as condições ideais para a criação duma familia. Ou seja cumpriu-se os primeiro passo do ritual para a construção duma familia. É uma maneira de ambas as partes dizerem ( e neste momento deviam tomar consciência da empreitada que estava a assumir, e aqui muitos falham) "Sim, eu aceito partilhar todas as resposabilidades, adversidades e problemas e alegrias que a vida nos proporcionar. Podes contar comigo e espero contar contigo para esse longo processo.". Acho que os rituais tem a vantagem de que as pessoas ficam logo a saber o que vão fazer a seguir. Da mesma maneira que a La Bonne, de manhã primeiro veste a lingerie vermelha (fio dental e tudo) e depois a mini-saia e depois o top com decote até ao umbigo... e como faz este ritual todas as manhãs pode ir pensando noutra coisa porque já sabe exactamente qual o passo que vem a seguir. As pessoas ao casarem, acabam por saber que depois do casamento vem os filhos etc.

Mas ao tentar seguir o ritual, se o fizerem sem terem a certeza que estão preparados para o próximo passo, a coisa corre mal e as pessoas acabam por se separar. Hoje em dia casa-se muito mais pela fantasia de ter um marido e pela liberdade que isso representa do que realmente pelo sentimento e simbologia do mesmo.

Se era capaz de me casar?

Hum... neste momento da minha vida não. Não sinto a necessidade da aprovação social e religiosa para seguir na construção duma familia. Mas no futuro isto pode mudar.


E acabo com uma pergunta:
"Gaja La Bonne, e tu? Porque é que casaste?"

4:52 PM  
Blogger Marta said...

Bem eu também não acredito na instituição religiosa -acho que é uma boa forma de juntar mais uns tostões para a Igreja-eu casei pelo civil. O meu desapontamento com a religião e a sua função de re-ligar pessoas está a meu ver cada vez mais longe daquilo que deveria dar paz de espiríto às pessoas, acorrenta-as a um temor/terror.(Isso daria outra discussão).
Porém, eu acredito na amizade e no respeito entre pessoas, e acredito que duas pessoas podem viver juntas se souberem condimentar as suas vidas.
Eu casei pelo civil, primeiro, porque senão o fizesse a minha mãe morreria de ataque de coração - o que é que as pessoas iriam falar???- em segundo, porque depois de oito anos de namoro achei que era o tempo de partilhar o mesmo espaço, juntar as nossas coisas e criar um laço mais apertado- testar o "O AMOR". Em terceiro, sempre quis viver na Idade Média (mas, como membro da nobreza) e vestir aqueles vestidos lindos - como uma princesa- aí está outra razão para achar que todas as noivas são princesas. Como sou uma sonhadora quis ser princesa por um dia.
E como sou insatisfeita, por natureza, quero ser princesa por toda a vida!
Mesmo quando visto o top e o fio dental vermelho, sei que quando falo não olham para o peito, mas sim para mim - eu pelo menos quero pensar isso. A mesma coisa se passa com a acção casar, sonhava eu com o casamento, que por estar casada a conquista, a individualidade iriam permanecer e todos os dias seria a princesa Maita! Mas o cotidiano arrasa os sonhos!

1:22 AM  
Anonymous Anonymous said...

" .... é um passo natural q se dá numa relação..."

Passo natural... tipo tomar banho quando se está sujo?

As pessoas que encaram isto como um "passo natural", normalmente dão o próximo passo natural e divorciam-se!:)

2:42 PM  
Blogger Marta said...

Ver um jogo do glorioso contigo no.one.99 é que é já amanhã na Eslováquia, vamos lá?
Se o FCP ganhar é festa, se o FCP perder é festa à mesma, tu com as eslovacas, mulheres bonitas! Eu a muito custo irei consolar o Vitor Baía;)
Relativamente ao casamento e ao seu carácter efémero ou eterno tudo depende de como cada um está na relação.
Habitualmente as queixas das minhas amigas casadas são de maridos que não ajudam, que saem muito com os amigos e deixam-nas em casa, de maridos que não as ouvem e não as compreendem, de maridos que não as defendem perante a familia ou outros amigos, a sogra, a cunhada, etc...e quanto aos homens do que é que eles se queixam das mulheres: ciumes, mania das limpezas e pouco sexo (mesmo que seja todos os dias uma vez, mesmo assim ainda é pouco e de má qualidade)- não faço destas as minhas queixas, pelo menos na totalidade. Mas, se durante uma relação as coisas não forem discutidas e cada um ceder nas suas manias ou ceder em aceitar os timings diferentes, se este entendimento não surgir- o casamento passa a ser uma luta, para ver quem é que leva a melhor. E nesta compreensão de duas pessoas diferentes, mas com respeito uma pela outra pode se construir uma relação "para o bem e para o mal, até que a morte os separe".

3:30 PM  
Blogger Violeta Viole(n)ta said...

deixem lá as pessoas casarem-se á vontade ...
o bom disto td é q nos somos livres de escolher. eu jamais casaria numa igreja, vestida de branco e bla bla bla... mas quem sou eu pra criticar quem o faz?
se eu me quiser casar vestida de preto, numa noite de lua cheia, tb espero q n o critiquem...
o importante é q as pessoas sejam felizes...
e já agora- eu aviso sempre os meus amigos q so entro na igreja pra mostrar o q tou lá e o figurino, lol, e pra ouvir o "I do"
de resto tou ca fora a fumar cigarros, agorra q edixei de fumar, acho q vou ficar a beber e a chorar a sorte dos q casaram e eu q continuo solteira...lol
é 1 quadro bonito de se ver.

5:19 AM  
Blogger Marta said...

Pronto, pronto, já vi que eu como a cota do sítio é que tenho ideias de princesa o resto do pessoal quer é "casar-se" com diversas pessoas e muitas vezes. Venha o sexo, drogas e rock!!!

Até porque nem a própósito foi noticia de capa, ontem, o aumento do número de divórcios e o número de casamentos a diminuirem.

Gostaria também de clarificar que eu só sou boa de apelido, porque sou uma gigante baixa e gordinha! Não uso decotes até ao umbigo nem fio dental. Portanto se o convite para o FCP foi baseado nestes aspectos...esquece não sou nada disso. De qualquer forma o FCP não está em grande forma- nem merece o meu amor incondicional. Dá-me vontade de bater naquela gente toda (menos em 3 ou 4).
No entanto queria propor a famosa sangria,sumo de laranja para o taz, que acham?

3:40 AM  
Blogger Marta said...

Então está combinado F.C.Porto (vs) Estrela da Amadora. Curiosamente a Amadora é uma zona que conheço muito bem!
Acho que temos mesmo muitas coisas em comum. Mas vamos só os dois juntos? Já estou a pensar em que roupa vou levar...
Já agora essa frase que mencionas-te:"We all need a witness to our lives"- Palpite: Shall we dance?

3:12 PM  
Anonymous Anonymous said...

Tanta coisa boa para se fazer e vão ver futebol?
Um piquenique na serra.. não?

5:15 PM  
Blogger Violeta Viole(n)ta said...

Eu quero aqui deixar claro q eu n quero nem drogas, nem rock and roll... o sexo pode ficar.
Eu tb gostava do dia de princesa ... por isso é q faço teatro. agora sou puta, mas 1 dia quem sabe, serei princesa!
a minha ideia de casamento tb passa por ia.
eu n sou catolica, por isso n iria cometer a hipocrisia de me casar na igreja.
eu quero a festa! Os amigos reunidos! e o meu fato lindo (preto) de princesa...
massagens, penteados, maquilhagens... td a q tenho direito , nem q seja por 1 dia...
mas o meu dia de princesa n passa por ter de assinar 1 papel, nem de ter q entrar numa igreja, nem pelo copo de agua... 1 mesa grande com alcool e queijos e o bolo da noiva, pra quem me cnhecesse já sabe q será de chocolate com cobertura de chocolate e recheio de chocolate.
eu quero é ter o meus amigos e pesoas queridas pra mim a partilharem cmg o dia em q eu estarei louca de mais pra proclamar em público o meu amor por alguem...
n é isso o casamento?

4:56 AM  
Anonymous Anonymous said...

Violeta, tu dominas!:) Estás lá...
The force is strong within you!! E esse bolo de chocolate... sim senhora. Gostava de ser convidade para esse casamento!:)

Quanto à Gaja La Bonne... o nosso jantar? Para quando? E quero lembrar que já estamos em Dezembro... tens de cumprir a tua promessa!:)

8:32 AM  
Anonymous Anonymous said...

"estruturalismo levi straussiano"

Isso tem a ver com calças de ganga?:):)

3:47 PM  
Blogger Marta said...

calma,calma, calma! Eu chego para tudo.
No. One.99 eu vou contigo ao futebol.
Taz vamos jantar na semana de 19, porque a 16 de Dezembro tenho um trabalho para entregar, nessa semana é todos os dias que quiseres.
Quanto ao vestir preto no casamento, acho que sim que é uma excelente cor, mas como eu visto escuro praticamente todos os dias gosto mais de casamentos indianos, cheios de cor! Vermelho-luxúria, bordeux-Sangue!!!
Ah é verdade Inês não achas que o teu bolo irá ter muito chocolate ....que tal um creme de ovos? Nham, nham....

2:20 AM  
Blogger Marta said...

Proponho um convite ao Claude Lévi Strauss, ainda vivo- não se sabe bem em que estado, pois possui 99 anos- mas convidá-lo para o suminho! E saber como é que lhe surgiu a ideia, não, não é do estruturalismo e também não é das variantes do mito, nada disso, mas como é que ele conseguiu pensar naquele corte de calças de ganga, as míticas Levis 501.

6:16 AM  
Blogger Violeta Viole(n)ta said...

eu n digo a antropologia ta em td ...
o costureiro ja é filosofo!
lol!

8:09 AM  

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