Friday, February 10, 2006

Procura-se BOM SENSO!

Não sei se o viram passar ou se sabem dele! O bom senso é urgente nos dias que correm. Eu não sou boa a proferir ditados populares espero que o que vou citar saía certinho: "No melhor pano caí a nódoa", perdeu-se o juízo, o bom senso. Um jornal dinamarquês (de extrema direita) colocou o mundo a ferro e a fogo, porquê? Porque quis testar a capacidade de tolerância da comunidade islâmica dinamarquesa por fazer circular numa das suas edições caricaturas do profeta Maomé. O resultado? Basta ver as notícias. Actualmente até permissão da liberdade de expressão está a ser discutida. Testar a capacidade de tolerância, Ó meus amigos, por favor!!! Entretanto em Portugal (não vou comentar a declaração (políticamente política do Sr. Ministro Freitas de Amaral), mas sim os comentários de três gerações de cómicos (que pessoalmente admiro) sobre a situação. (Não quero que o senhor Freitas depois de ler este comentário fique a pensar que depreciei o que ele disse, nada disso, por momento algum, só que não achei a declaração, do Sr. Magnífico Reitor, uma contribuição relevante para o enriquecimento deste espaço priveligiado de informação) Prosseguindo...As três gerações: Ricardo Araújo Pereira, disse que brinca com a religião sem problemas, António Feio anuiu o mesmo tipo de comicidade, o terceiro e último cómico que, testemunhou uma época de censura cerrada, referiu que existem coisas com que não se podem brincar, Raul Sonaldo frisou, o "sagrado" é uma dessas coisas. Um pouco de bom senso é solicitado, a liberdade de expressão é um direito que encontra os limites nos direitos "do outro". Onde é que se deixou o juízo?

11 Comments:

Blogger Marta said...

Outra coisa, esta semana não houve aulas de antropologia do simbólico porque o Prof. Manuel João Ramos se encontra doente. Contudo a doença não o prendeu à cama, pois ontem fui junto à Embaixada Dinamarquesa demonstrar o seu apoio à causa: "vimos manifestar a nossa solidariedade com os cidadãos...da Dinamarca com quem partilhamos um espaço de liberdade de expressão democrática", agasalhadito (cachecol e tal..., mas ele foi.

3:31 AM  
Anonymous Anonymous said...

ah ah ah esse prof é do melhor. nada o para se achar que pode dizer qq coisa.

11:52 AM  
Anonymous Anonymous said...

"... liberdade de expressão é um direito que encontra os limites nos direitos "do outro" "

Eu não poderia estar menos de acordo com esta tua frase querida La Bonne. A liberdade de expressão apenas tem limites quando levanta falsos testemunhos. E mesmo assim és livre de dizer o que bem entenderes e eu não posso queimar a tua casa por isso. Posso sim levar-te à justiça por difamação... e se eu não conseguir provar que estás a mentir perco.

Agora no que toca ao humor, às sátiras, às opiniões e a todas as formas de expressão de pensamentos e ideias. Isso é, na minha opinião, intocável e ilimitado. O porta voz do grupo islamita britânico (um senhor chamado Anjem Choudary) descreveu uma manifestação que desfilavam com cartazes onde se podiam ler frases como "Massacrem aqueles que insultam o Islão" e "A Europa vai pagar, o vosso 11 de Setembro chegará" com a seguinte frase "Havia na manisfestação uma mistura de pessoas. Estavam a exprimir a sua liberdade". E ele tem razão. Mas esquece-se que esse direito que eles tem de "expressar liberdade" também garante aos outros o mesmo direito.

A liberdade de expressão não pode ser dscrita da mesma maneira que o primeiro ministro da Tailândia (um senhor chamado Thaksin Shinawatra) descreveu a sua visão do que é a democracia ao comentar uma manisfestção feita por 60 mil pessoas perto da sua residência real para exigir a sua demissão.
O sr. Shinawatra disse "Basta! É a residência real. A manifestação está a perturbar a circulação no bairro. A democracia pode ser exercida, mas em certos espaços reservados.".

Ora bem, a liberdade de expressão não pode ser posta em causa só porque alguém se sente incomodado. Senão, sempre que um grupo fizesse alarido suficiente tinhamos de diminuir a liberdade de expressão deste ou daquele individuo. Querida La bonne, tu tens o poder de dizer que Jesus come carne de porco, Buda gosta de heavy metal e meninas em topless. Podes fazer uma caricatura do Pápa numa orgia com Judas e com a vaca e o burro do presépio. E este é um poder que ninguém pode tirar-te, o poder de exprimires o que te vai na alma, seja politicamente correcto ou não.

E quanto ao "Testar a capacidade de tolerância"... pode não ser uma coisa bonita de se fazer mas não deixa de ser pertinente. Se um cartoon tem como consequência mortes, ameaças e incendios a embaixadas. Que consequências terá um filme que o Khomeini não goste? E uma música? Ele já condenou à morte o Salman Rushdie por ter escrito um livro. Será que queremos mesmo ter como referência, do que se pode ou não escrever, um religião que diz:
"Os homens tem autoridade sobre as mulheres porque Deus fez com que um fosse superior ao outro, e porque gastam a sua fortuna para as sustentar. Boas mulheres são obedientes"
Ou queremos mesmo ter como bitola do que é permitido dizer o Khomeini que escreve perolas do tipo:
"É melhor uma rapariga casa numa altura e de maneira que a sua primeira menstruação seja na casa do seu marido, em vez de na casa do seu pai. Qualquer pai que case a sua filha tão cedo terá um lugar permanente no céu"

La Bonne, eu espero que não estejas disposta a abdicar do teu direito a dizer disparates, do teu direito a deitar cá para fora o que achas que o mundo deve ouvir só porque alguém fez muito barulho. Não abdiques da liberdade de dizeres o que pensas.. ela levou muito tempo a ser conquistada.

6:47 PM  
Blogger Marta said...

Adoro humor negro. Uma vez contei ao pé de uma mãe,uma anedota sobre uma criança que tinha um temor na cabeça e não chegava ao Natal, a reacção daquela mãe não foi das melhores. Será que foi eu que me "estiquei" ou foi ela que exagerou? Ultrapassei a questão por continuar a dizer disparates a torto e a direito, é inato!
Quando falamos de outras culturas temos que pensar em alguns factores: Políticos, são sociedades que se baseiam em fundamentos religiosos (por isso são denominadas fundamentalistas) logo o peso do religioso e do Estado não estão separados- Não falamos de concepções iguais. Factor histórico: Ismael é "o pai" dos povos islâmicos, a história de Ismael qual é? Ismael é preterido em relação a Isaque, ambos filhos de Abraão , mas um era filho da escrava Agar e outro da esposa legítima Sara. A descedência de Ismael carrega este sentimento durante milhares de anos. A culminar com o factor social que reside na agudização de sentimentos violentos e preconceituosos de guerra entre os países imperialistas, que pensam que podem fazer e dizer tudo, e interesses económicos dos países àrabes que "lucram" com este tipo de acções. O bom-senso não é deixar de se ser como se é, é ponderar, pensar sobre o outro como sendo o outro. "... liberdade de expressão é um direito que encontra os limites nos direitos "do outro", toda o ser humano deve ser respeitado, mas a forma como deve ser feito é de acordo com essa qualidade tão espiritual e difícil de exercitar que é a empatia levada ao extremo da inclusão do OUTRO com as suas qualidades e defeitos e acima de tudo com as suas crenças.

5:05 AM  
Anonymous Anonymous said...

"... de acordo com essa qualidade tão espiritual e difícil de exercitar que é a empatia levada ao extremo da inclusão do OUTRO com as suas qualidades e defeitos e acima de tudo com as suas crenças."

Ou seja, não posso contar piadas de vacas ao pé dum Hindu? (Já agora, e como cultura geral, os Hindu não idolataram as vacas. Elas não são sagradas. São apenas um taboo, ou seja, uma restrição ou proibição imposta por tradição, costume ou religião (actos, modos de vestir, temas, palavras, comida, etc.) e que não pode ser violada sob pena de reprovação ou perseguição social. Uma vaca é considerada Aghanya, que significa "Aquilo que não pode ser morto"). Mas continuando, e não posso mostar um cartoon que envolva transfusões de sangue e uma testemunha de Jeová, a uma testemunha de Jeová?
Se vais adaptar a tua liberdade de expressão para conseguires a "inclusão do OUTRO com as suas qualidades e defeitos e acima de tudo com as suas crenças", deixa de ser um liberdade. Passa a ser uma coisa censurada, mas que seja por ti própria!

5:38 AM  
Blogger Marta said...

Lê este pequeno texto, sobre a relação entre a liberdade e a responsabilidade. Não podes ser tão utópico de pensar que és livre de tudo, porque isso teria consequências desastrosas. Por outro lado acho que as acções ficam com quem as pratica...Mas acho que este pequeno excerto retrata muito bem o que procuro encontrar no bom senso, empatia, inclusão.
A palavra liberdade tem uma origem latina (libertas) e significa independência. Etimologicamente, a palavra responsabilidade também vem do latim (respondere) e significa ser capaz de comprometer-se.

No senso comum, liberdade é uma palavra que pode ser definida em variados sentidos (liberdade física, liberdade civil, liberdade de expressão…). Filosoficamente, a liberdade, e mais concretamente a liberdade moral, diz respeito a uma capacidade humana para escolher ou decidir racionalmente quais os actos a praticar e praticá-los sem coacções extremas. É de carácter racional, pois os homens devem pensar nas causas e consequências dos seus actos e na sua forma e conteúdo. Esta liberdade não é absoluta, é condicionada e situada. Condicionada porque intervêm no seu exercício múltiplas condicionantes (físicas, psicológicas…). Situada porque se realiza dentro da circunstância, mundo, sociedade em que vivemos. Todas as nossas acções são fruto das circunstâncias e das nossas próprias características. É também uma liberdade solidária, porque cada um de nós só é livre com os outros, visto que não vivemos sozinhos no mundo. A liberdade humana (pode chamar-se assim porque é de carácter racional e, logo, exclusiva dos homens) reside em se poder dizer sim ou não, quero ou não quero. Nada nos obriga a ter apenas uma alternativa. O exercício da liberdade exige reflexão e, logo, tempo.
Porra que é díficil viver em sociedade!

5:46 AM  
Anonymous Anonymous said...

" É de carácter racional, pois os homens devem pensar nas causas e consequências dos seus actos e na sua forma e conteúdo."

Qual terá sido o raciocinio que fez deitar abaixo o WTC usando aviões cheios de pessoas parecer uma boa ideia?

"Esta liberdade não é absoluta, é condicionada e situada."

É verdade sim senhora, mas nunca nunca nunca nunca condicionada por ameaças de morte, bombas e tiros!


" reside em se poder dizer sim ou não, quero ou não quero. "

Sim, quero fazer cartoons de Moamé. Não, não quero morrer por isso!


Tudo isto para dizer que sempre que aperece alguém que tenta impor a sua vontade atravez de fundamentalismos e ameaças... tenho ou melhor temos toda a liberdade de o fazer sentir-se impotente. Seja desenhando Moamé com bombas na cabeça seja desenhando o Bush a injectar-se com petróleo. E como dizia o Manuel Damásio ex-presidente do Benfica "A MIM NINGUÉM ME CALA!!" :):)

6:29 AM  
Blogger Marta said...

Não me julgo com esse direito. Reconheço, porém, que existem diferentes percepçãos do conceito de vida e que por essa crença morrem ou matam. Os fundamentalistas foram treinados para matar, virou-se o feitiço contra o feitiçeiro. Até as brincadeiras têm limite. Os ditos "ocidentais" sabem brincar com factos históricos ou religiosos dos outros, contudo esquecem que a história do Ocidente está repleta de mortes em nome da tirania, do ímpeto obsessivo religioso e esquecem-se das brincadeiras que a censura da inquisição reprovou, esquecem-se também do abuso de regimes políticos exercidos déspotamente.
Esquecem-se de inúmeras fronteiras que existem. Não obstante eu consigo fazer uma leitura antropológica da situação, o conflito é necessário para as sociedades funcionarem.Mas não quero que esse conflito seja agudizado por coisas tão pequenas como testes...e quem é que fez o teste de inteligência a essas pessoas? Ou quem lhes deu o poder de caracterizar o que desconhecem. Aceito brincadeiras, e quem me conhece sabe o quantas piadas de mau gosto eu faço, mas é me mais fácil aceitar uma piada construída e de alguém que sinto que tem essa liberdade do que quem desconheço ou não lhe confiro autoridade. E ninguém deve brincar com sentimentos, ou fé de quem tem diferentes concepções sobre a vida. Porque arriscar a vida (e de outros), por uma brincadeira de mau gosto!

2:40 PM  
Anonymous Anonymous said...

Deduzo que isto "Porque arriscar a vida (e de outros), por uma brincadeira de mau gosto!" seja uma pergunta.:)

Porque contar piadas não devia arriscar a vida de ninguém.
Mas responde-me uma coisa... pode-se contar piadas de alentejanos? Ou basta eles ameaçarem bombardear Lisboa e ssas piadas são banidas?
Pode-se contar piadas de loiras? E de pretos? E de madeirenses? E piadas sobre pessoas baixinhas, como por exemplo:
Porque é que a La Bonne atravessa a rua a correr?
Porque está a tomar balanço para subir o passeio!

Se tu me ameaçares de morte eu tenho de abdicar de contar piadas por medo?

2:16 AM  
Blogger Marta said...

Tu podes fazer o que quiseres, até podes ir na rua e dar-me com um pau na cabeça, podes dizer todas as piadas sobre pessoas baixas ou gordas, seja o que for, agora eu pergunto: por poder fazer tudo, devo fazer? Eu odeio o carnaval porque é que tenho que levar com ovos nesta época, porque é que eu não posso levar a mal algo de que eu não quero participar? è uma questão de bom senso!

6:18 AM  
Blogger Pessoinha said...

E no entanto, se calhar é bom senso mostrar ao mundo que podemos rir com tudo! E que uma caricatura não tem que ser vista como um teste de tolerância, como neste caso, mas uma chamada de atenção para o facto da religião também poder ser fonte do nosso riso!
E é tão rir....

1:25 PM  

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